Descubra como a tecnologia está moldando o futuro da profissão no agro e quais habilidades serão essenciais para quem quer crescer no campo
Nas últimas décadas, o agronegócio passou por uma transformação sem precedentes. O que antes era sinônimo de trabalho braçal e conhecimento empírico, hoje se torna um setor cada vez mais tecnológico, conectado e estratégico.
Com o avanço da agricultura de precisão, da digitalização e da ciência de dados aplicada ao campo, a profissão no agro ganha novas dimensões e exige habilidades que vão muito além do manejo da terra.
A modernização do campo já é realidade em muitas regiões do Brasil. Tecnologias como sensores de solo, estações meteorológicas automatizadas, drones, sistemas de monitoramento remoto e softwares de gestão agrícola deixaram de ser exclusividade de grandes propriedades e passaram a integrar o dia a dia de produtores de todos os portes.
Esses avanços permitem decisões mais assertivas, redução de custos e aumento significativo da produtividade, fortalecendo o papel do agro brasileiro como um dos pilares da economia nacional e servindo de exemplo de sustentabilidade para o mundo.
Mas se o presente já aponta para um campo conectado, o futuro reserva ainda mais mudanças. A inteligência artificial, a robótica, o uso de big data e a biotecnologia devem se consolidar como ferramentas essenciais na rotina dos profissionais do agro.
Neste texto você conhecerá:
Técnico em Agricultura Digital
Técnico em Agronegócio Digital
Engenheiro Agrônomo Digital
Operador de Drones
Agricultor Urbano
Engenheiro de Automação Agrícola
Cientista de dados agrícolas
A integração entre dados climáticos, informações de solo, imagens de satélite e previsões de mercado permitirá uma gestão ainda mais inteligente e personalizada de cada talhão de terra.
Com isso, a profissão no agro também se reinventa. Engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e produtores precisarão se atualizar constantemente, integrando conhecimentos tradicionais com competências digitais. Novas carreiras ganham espaço, como analistas de dados do agro, especialistas em geotecnologia, gestores de inovação rural e desenvolvedores de soluções agrícolas digitais.
Para quem já está no setor, o momento é de aprendizado contínuo. Para quem busca uma carreira com propósito, impacto e conexão com o futuro, o agro é um campo fértil — literalmente e figurativamente.
O profissional do amanhã será aquele capaz de unir conhecimento técnico, sensibilidade ambiental e domínio tecnológico, atuando de forma estratégica para alimentar o mundo com eficiência e sustentabilidade.
A boa notícia é que o agro não para de crescer. E com ele, cresce também a demanda por profissionais qualificados, inovadores e preparados para os desafios e oportunidades que o futuro do campo nos reserva. Investir em capacitação, estar atento às tendências e buscar ferramentas que ajudem a tomar decisões mais inteligentes são passos fundamentais para quem quer fazer parte desse novo agro.
Em 2021, o Globo Rural divulgou em seu portal uma matéria falando sobre as oito profissões do futuro no agronegócio, e agora, quatro anos depois, podemos confirmar que o material aponta para o caminho certo.
A matéria é baseada no estudo Profissões Emergentes na Era Digital: Oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde. A pesquisa foi realizada pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ - Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Núcleo de Engenharia Organizacional (NEO) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
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Veja algumas das principais possibilidades de profissão:
Técnico em Agricultura Digital
A evolução digital gerará cada vez mais profissionais do campo conectados com tecnologias digitais para trazer soluções para a agricultura. Nesse âmbito surge o profissional nomeado técnico em agricultura digital que tem o papel de melhorar processos através da digitalização para trazer benefícios para as fazendas rurais.
Segundo os entrevistados do estudo, esse profissional será treinado em técnicas agrícolas para uma gestão rural de alta produtividade, impulsionada por Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Em um cenário em que existem 4,4 milhões de famílias rurais (IBGE, 2017), o técnico em agricultura digital aparece como uma solução alternativa prática onde um membro da família pode usar tecnologias digitais no campo.
Desse modo, técnicos desse nível precisam entender tanto de processos do campo quanto de TICs para encontrar soluções práticas para a produção rural. É fundamental que o profissional da agricultura digital tenha conhecimento sobre a importância da sustentabilidade no setor, baseado nos objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU para 2030: “Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”.
É importante observar que a agricultura sustentável está dentro desse objetivo. Com uma agricultura sustentável, é possível manter uma diversidade genética das plantas, aumentar o investimento na agricultura com cooperações internacionais e adotar medidas que Agricultura possam operar no mercado de commodities.65 Assim, formar profissionais caracterizados como técnicos em agricultura digital é essencial para que exista um profissional que conecte processos do campo através da digitalização.
fonte: Profissões Emergentes na Era Digital: Oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde
Técnico em Agronegócio Digital
Aliar competências rurais com a digitalização e negócios será necessário para estes profissionais. Nesse sentido, surge o técnico em agronegócio digital, um profissional capaz de gerir todos os elementos do campo, desde plantio, cuidados com animais e clima, sem deixar de lado o conhecimento de mercado.
O profissional busca aproximar as fazendas de mercados, tanto fornecedores como compradores, possibilitando aos profissionais rurais uma maior competitividade. Para isso, plataformas de e-commerce, mídias sociais e a digitalização no geral, possibilitada pelo acesso mais barato à internet, são os grandes drivers dessa mudança.
Uma das profissões mais tradicionais relacionadas à agricultura é a de engenheiro agrônomo, que estuda, planeja e supervisiona a aplicação de princípios e processos básicos da produção agrícola.
Com a transformação digital, surge a necessidade de um engenheiro agrônomo digital, que alia a aplicação de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) para a produção agrícola.
De acordo com a SEAPA-RS (2020), um engenheiro agrônomo digital é um profissional que tem conhecimentos de Engenharia Agronômica e agricultura digital, conhecendo as tecnologias digitais para aplicação tanto nos processos quanto negócios, assim gerenciando fazendas com base nas tecnologias digitais.
De acordo com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (2020), cursos tradicionais de Engenharia Agronômica precisarão ter sua grade curricular reformulada nos próximos anos para aliar as novas tecnologias digitais às práticas dos engenheiros agrônomos.
Assim, engenheiros agrônomos digitais terão papel vital dentro do futuro da agricultura do Brasil por usarem tecnologias digitais para melhorar processos e usar produtos químicos de maneira assertiva, gerando economia e evitando o uso excessivo de produtos que possam prejudicar o meio ambiente.
Com o avanço tecnológico e o surgimento de novos equipamentos para a tomada de decisão na lavoura, surgirá a necessidade de mão de obra especializada. Estas novas tecnologias normalmente tem um alto valor agregado, ou seja, é um alto investimento para deixar nas mãos de um profissional que não esteja preparado ou apto para manusear de forma correta estas ferramentas.
O operador utiliza drones (de diversos tamanhos e tecnologias embarcadas) para monitorar plantações, localizar animais e coletar dados sobre o clima e o solo. O profissional também deve estar apto para realizar a análise destes dados e realizar as devidas ações para minimizar erros e otimizar produtividades.
O estudo aponta como uma das profissões do futuro o agricultor urbano, ou seja, o produtor que se dedicará à geração de alimentos em áreas urbanas. Esta prática se tornará uma tendência visto que a geração de alimentos para uma população cada vez maior é um desafio a ser enfrentado.
O surgimento de hortas urbanas e a otimização de espaços representará mais alimento disponível para a população e ainda entrega um diferencial que pode fazer toda a diferença na hora da comercialização, ele aproxima o consumidor do produtor.
Ao encurtar a cadeia produtiva, o produtor consegue atingir preços mais atrativos e competitivos, agregando valor ao seu produto, podendo comercializar diretamente para o consumidor final. Com a crescente valorização da rastreabilidade dos produtos consumidos, esta prática ganhará força e espaço em meio às grandes cidades.
Engenheiro de Automação Agrícola
O engenheiro de automação agrícola é um profissional cada vez mais essencial no cenário atual da agricultura moderna. Com o avanço da tecnologia e a crescente demanda por eficiência e sustentabilidade no campo, esse engenheiro atua no desenvolvimento e aplicação de sistemas automatizados que otimizam o uso de recursos naturais, reduzem custos e aumentam a produtividade.
Atualmente, ele trabalha com sensores, drones, inteligência artificial e sistemas de monitoramento remoto, integrando tecnologia ao manejo agrícola. No futuro, a tendência é que sua atuação se torne ainda mais estratégica, com o uso ampliado de big data, robótica e internet das coisas (IoT), transformando as fazendas em ambientes altamente conectados e inteligentes, fundamentais para garantir a segurança alimentar e enfrentar os desafios das mudanças climáticas.
O cientista de dados agrícola é um profissional que ganha destaque na era da agricultura digital, atuando na interseção entre tecnologia, estatística e conhecimento agronômico. No presente, ele é responsável por coletar, organizar e analisar grandes volumes de dados gerados por sensores, imagens de satélite, drones e equipamentos agrícolas, transformando essas informações em insights valiosos para a tomada de decisões no campo.
Seu trabalho permite prever safras, otimizar o uso de insumos e reduzir impactos ambientais. Olhando para o futuro, a importância desse profissional tende a crescer com a expansão da agricultura de precisão e o uso cada vez maior de inteligência artificial e aprendizado de máquina. O cientista de dados agrícola será peça-chave para desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis que atendam à demanda global por alimentos de forma mais eficiente e inteligente
Diante de um cenário agrícola em constante transformação, impulsionado por avanços tecnológicos e pela necessidade de produzir mais com menos impacto ambiental, fica claro que as profissões do futuro no campo já estão se consolidando no presente.
Profissionais como engenheiros e cientistas de dados representam apenas uma parte das novas demandas que surgem com a agricultura digital e inteligente. Investir em formação, inovação e adaptação a essas mudanças não é apenas uma oportunidade, mas uma necessidade para quem deseja se destacar e contribuir com um setor cada vez mais estratégico para o desenvolvimento de alimentos e commodities. O futuro do agro será tecnológico — e os profissionais que souberem acompanhar essa evolução estarão na linha de frente dessa revolução.